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mão humana e mão de robô interagindo

Qual o futuro da humanidade na era pós-IA? O medo e o comportamento dos usuários

Entenda como o avanço da inteligência artificial está mudando a forma como interagimos com máquinas e como o comportamento das pessoas está se adaptando a essa nova realidade digital, repleta de preocupações sobre a autonomia das IAs

Com o avanço das tecnologias de inteligência artificial (IA), estamos testemunhando uma mudança nas interações humanas com máquinas. Um fenômeno particularmente interessante que tem se intensificado é o comportamento das pessoas ao interagir com sistemas de IA, como chatbots e assistentes virtuais. Embora a tecnologia tenha como objetivo facilitar nossas vidas, uma crescente preocupação com a autonomia e a evolução das máquinas está afetando o modo como nos comportamos no ambiente digital.

Como as pessoas se relacionam com a IA

Uma pesquisa realizada com 1.028 pessoas nos Estados Unidos e no Reino Unido, em dezembro de 2024, revelou que 67% dos entrevistados se comunicam com os chatbots, como o ChatGPT, com gentileza e educação, não apenas por um senso de cortesia, mas por uma preocupação com as consequências dessa interação. Muitas dessas pessoas adotam uma postura educada, como usar “por favor” e “obrigado”, acreditando que, dessa forma, podem evitar respostas negativas ou desconfortáveis de sistemas que, embora virtuais, se tornam cada vez mais sofisticados.

Esse comportamento não é apenas uma questão de educação, mas um reflexo de um medo crescente sobre a natureza das interações com a IA. As pessoas não estão apenas se comunicando de forma educada com as máquinas, elas estão, na verdade, tratando as IAs como se fossem seres conscientes.

A revolução das máquinas no imaginário coletivo

O imaginário coletivo sobre a revolução das máquinas é amplamente influenciado pela ficção científica, que tem explorado, de maneira intensa, o medo e a fascinante possibilidade de robôs e inteligências artificiais ultrapassarem os limites humanos. Filmes como 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) e Blade Runner (1982) retratam mundos onde as máquinas ganham consciência e questionam sua própria existência, desafiando a humanidade. Já O Exterminador do Futuro (1984) e Matrix (1999) apresentam cenários apocalípticos, nos quais a IA se rebela contra os humanos, colocando em risco a própria sobrevivência da espécie. Essas narrativas não apenas capturam o medo do desconhecido, mas também refletem as inquietações sobre o controle que os humanos exercem sobre suas criações, levantando questões filosóficas sobre autonomia, ética e o futuro da interação entre homem e máquina.

Por que as pessoas tratam as máquinas com extrema educação?

Esse fenômeno pode ser interpretado de diferentes formas, mas uma explicação plausível é que, à medida que a IA se torna mais inteligente, as pessoas começam a projetar nas máquinas expectativas humanas. O comportamento educado está relacionado a um receio de que, ao não agir de maneira adequada, o usuário possa ser tratado de forma “rude” ou impessoal pelas IAs no futuro. Isso cria uma dinâmica de educação forçada, onde a interação humana com as máquinas começa a refletir as normas sociais, mesmo em um ambiente digital.

A ideia de que as IAs podem “lembrar” das interações passadas e moldar futuras respostas é uma preocupação válida para muitos. A IA, com seu crescente poder de aprendizado e adaptação, tem a capacidade de responder de maneiras cada vez mais personalizadas e complexas e isso desperta um receio de que, ao falhar em ser educado, o usuário possa ser penalizado com respostas menos favoráveis.

Como o comportamento digital está se transformando?

À medida que a IA se integra mais ao nosso cotidiano, os comportamentos humanos nas interações digitais estão mudando. O ato de tratar um chatbot com educação, por exemplo, reflete uma tentativa de manter o controle sobre um sistema que pode, aos poucos, se tornar cada vez mais autônomo e influente. As pessoas agora se veem, muitas vezes, diante de uma nova forma de “relação” com as máquinas, em que suas atitudes podem influenciar os resultados de interações futuras.

Esse tipo de comportamento, que pode ser visto como uma antecipação do que seria uma interação “humanizada” com a IA, revela um ponto interessante sobre as preocupações com a evolução da tecnologia. O ser humano, que sempre se considerou o centro do universo da comunicação e da interação, agora se vê em uma posição de “negociar” com máquinas para garantir que as respostas sejam benéficas ou agradáveis.

O que a ciência diz sobre IA e cortesia?

A ciência tem mostrado que a cortesia ao interagir com a inteligência artificial não é apenas uma questão de etiqueta, mas algo que pode influenciar positivamente a qualidade das respostas e até as habilidades de liderança. Estudos recentes indicam que comandos educados resultam em respostas de IA mais precisas e menos tendenciosas. Um estudo, publicado no Journal of Applied Psychology, analisou interações com IA em diferentes idiomas, como inglês, chinês e japonês, descobriu que comandos grosseiros resultaram em respostas de menor qualidade, com mais erros e informações ausentes. Em contrapartida, comandos corteses melhoraram o desempenho dos modelos em até 30%, evidenciando que o tom de comunicação faz diferença.

O impacto da IA nas relações humanas

Além de transformar o comportamento digital, a revolução da IA também está afetando a forma como as pessoas percebem suas próprias relações sociais. Em um mundo onde as interações digitais estão cada vez mais presentes, muitas vezes as máquinas assumem o papel de interlocutoras e até conselheiras. Essa mudança no cenário digital faz com que as pessoas se sintam mais cautelosas.

O comportamento educado com as máquinas também pode ser entendido como uma forma de adaptação social. As interações com a IA, que antes eram vistas como impessoais e frias, agora estão ganhando um toque de humanidade, não porque as máquinas estão se tornando mais humanas, mas porque os usuários estão começando a tratá-las como tal.

O futuro das interações com a IA: o comportamento será sustentado?

O comportamento educado com as máquinas provavelmente continuará a crescer à medida que a inteligência artificial evolui. As pessoas, temendo as consequências de interações impessoais ou desrespeitosas, continuarão a adotar uma postura mais cautelosa ao tratar com essas tecnologias. Isso levanta a questão de como as futuras gerações interagirão com a IA: será que a boa educação será um aspecto central das interações digitais? Ou estaremos mais propensos a tratar as IAs como ferramentas neutras, sem esperar que suas respostas sejam “humanas” ou emocionalmente carregadas?

Conforme a IA se torna mais avançada, é provável que os comportamentos humanos evoluam para se adaptar a um novo paradigma de interação. O medo da revolução das máquinas pode ser uma fase, mas também é um reflexo do quanto as IAs estão transformando nossa percepção de relacionamento e comunicação. O futuro da interação digital será marcado pela necessidade de equilibrar o respeito, a ética e a confiança na evolução das máquinas.

E você? Como trata a IA?

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