Viviana Toletti é uma executiva de comunicação com quase duas décadas de experiência em comunicação corporativa, tendo liderado a gerência de comunicação de agências como o grupo Talent, Y&R e Leo Burnett. Há 7 anos está à frente da XCOM, onde se dedica a criar diálogos e experiências inspiradoras entre marcas e pessoas. Nesta breve entrevista ela nos conta sobre as mudanças que acompanhou no mercado, como se manter relevante em um tempo marcado pela velocidade de tendências, participação feminina em espaços decisórios de comunicação e como a meditação e atenção plena podem ajudar profissionais de comunicação a serem mais criativos e felizes no cotidiano da profissão.
- Você acompanhou mudanças importantes no cenário de comunicação/marketing, desde a “virada de chave” para o digital e o big data no planejamento de investimento no setor, a chegada dos influenciadores como público estratégico, as oscilações do mercado editorial. O que considera como essencial para que um profissional se mantenha relevante e eficiente diante de tantas mudanças?
As mudanças se deram num curto espaço de tempo. Ocorreram de forma dramática e continuarão. Dizer para se manter atualizado e conectado é o obvio. Talvez um dos caminhos seja manter a integridade nas atitudes, transformar o seu entorno, estar conectado com um grupo, pois o melhor aprendizado é quando temos boas cabeças pesando juntas. O conteúdo, o conhecimento é de fácil acesso, mas continua fundamental a capacidade de interpretar, planejar, mensurar e agir às vezes por critérios subjetivos.
- Como mulher e líder de comunicação como tem visto as ações afirmativas de marcas e empresas para levar ainda mais mulheres a cargos de decisão em comunicação?
As mulheres devem começar a observar, encorajar e aplaudir outras mulheres. Este processo está começando, mas para isso não precisamos atacar os homens ou mostrar que somos superiores. Somos diferentes e temos uma forma de ver o mundo que pode contribuir e humanizar as organizações e sistemas. As mulheres têm toda a condição de estar em cargos de liderança, mas o difícil é tirar o rotulo. Não precisamos ser super-heroínas e repetir o padrão que os homens se apropriaram. O conceito de “mulher-alfa” talvez seja muito extremo, o melhor caminho é a coparticipação, é o fazer junto, somar competências. Assim todo mundo ganha.
- Há um deslocamento de prioridades nas disciplinas de comunicação dentro de empresas e agências: o bolo que antes era fatiado de modo bastante desigual entre Publicidade, Marketing e PR (entre outras áreas) parece agora buscar a entrega de conteúdo relevante em qualquer formato que se adeque aos propósitos das marcas. Como avalia este novo momento?
Este não é um fenômeno novo. Desde os anos 2000 diversas pesquisas já mostravam que a verba publicitária estava migrando para outras áreas da comunicação. Hoje, em função dos últimos anos de crise no país e da efetividade das ações digitais, estas verbas ficaram ainda mais diluídas. A forma como a mensagem é passada para sua audiência é peça chave hoje. Dessa interação do público-alvo com a mensagem surgem diversos desdobramentos. É provável que em um futuro breve não haja mais esta distinção entre disciplinas, estaremos falando de conteúdo e canal de forma unificada.
- Por fim, sabemos que você é uma entusiasta da meditação e das técnicas de atenção plena. Como estas práticas podem ajudar profissionais de comunicação em seu dia a dia?
É um trabalho diário. o trabalho do aprendizado do errar e refazer. Isso só me trouxe benefícios. Paciência para melhorar e também aceitar o que não pode ser mudado. Espaço para ouvir o outro e também de se chegar a uma solução que possa beneficiar a todos e não apenas um lado. Acredito que o ser humano está caminhando para este cenário de entendimento, coexistência e empatia.